segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Problemas na estrada

O mensageiro capito 3

Data: Quinta-feira, 21 de junho de 241, Era dos Reis

Já estava quase chegando ao meu destino. Eu acho. Se tudo corresse bem, e eu estivesse cavalgando pela direção certa. Então provavelmente no dia seguinte, ao amanhecer eu já estaria vendo as grandes muralhas que cercam a cidade Roklua e as incríveis torres do castelo que tanto ouvi falar por viajantes e trovadores.
Minha jornada foi tranquilo? Não. Nem um pouco. Não via a hora de entregar logo a porcaria da mensagem e voltar pra minha terrinha no meio do nada.
Em apenas três dias fui quase roubado por bandidos na floresta, atacado por insetos de fogo com algum tipo de veneno paralisante, perseguido por lobos e pisado em merda de cavalo (Obrigado por isso amigão).
E o pior não era nem isso. Sabe aquela sensação de estar constantemente sendo vigiado? Pois é. Estou sentindo isso desde que sai de Carkas. Como se alguém estivesse seguido meus passos no meio das sombras. Provavelmente só paranoia da minha cabeça mesmo. Mas continuei atento quase que o caminho todo durante os primeiros dias.
Mas só de pensar que isso estava para acabar eu já me animava. Quem sabe o rei se animava com a mensagem e me oferecesse um banquete com bastante comida e bebidas. Ou alguns dias de descanso no castelo também não seria ruim.
E enquanto eu me perdia em meus pensamentos sonhando alto. Meu cavalo ouviu alguma coisa suspeita e parou no meio da estrada, o que me fez voltar para a realidade. Mal sinal. Sempre que ele faz isso algo de ruim está para acontecer. Da última vez foram os lobos e os insetos de fogo.
Então, por instinto, coloquei a mão sobre a espada e me preparei para o pior. De olhos bem atentos e com os ouvidos aguçados desci do cavalo e comecei a andar rumo cada vez mais para frente na estrada. Até que comecei a ouvir vozes vindo de frente.
-Se você tentar fugir vai ser pior para você. - Disse uma voz masculina forte.
-Me desculpem, deixa eu voltar pra casa, minha mãe está preocupada. - Disse uma voz quase chorando. Parecia uma garota.
Fui me aproximando aos poucos cada vez mais em direção as vozes. E, detrás de uma árvore vi três vultos no meio da estrada. Dois deles usavam mantos negros que cobriam quase todo o corpo, mascaras brancas escondendo parte do rosto e ambos armados com espadas longas. O terceiro vulto, era realmente uma garota que estava no meio deles com cara de desesperada. Com cabelos longos, cacheados e castanho, um vestido esfarrapado e bandagens nas mãos, provavelmente algum machucado.
-O que vamos fazer com ela mesmo? - Perguntou um dos caras com capuz.
-Acho que sequestra-la e depois pedir o resgate para o pai dela. - Respondeu o segundo cara de capuz. -Ouvi dizer que ele tem dinheiro.
-Não. - Gritou a menina. - Tudo menos isso. Meu pai não liga pra mim, ele nunca pagaria o resgate.
-Cala a boca garota! Já está decidido. - Disse um deles pegando a menina pelo braço e arrastando ela pela estrada.
Eu tinha uma escolha a fazer. Continuar meu caminho em frente e entregar a mensagem ao rei e ganhar um banquete. Ou me arriscar a salvar a pequena lutando contra dois caras maus armados e talvez morrer nessa floresta sem ninguém saber quem eu sou.
-Ei vocês ai!- Gritei. As vezes odiava escolher sempre ser o bonzinho. - O que acham que estão fazendo. Sequestrar crianças é um crime sério por aqui. Deixem ela em paz.
Os dois se olharam com um sorriso maligno no rosto.
-E quem você pensa que é para nos dar ordens? -Perguntou um deles.
Queria poder dizer que era um Guerreiro do Mar pois tinha certeza que eles morreriam de medo só de ouvir esse nome. Mas não tive coragem. Em vez disso, lembrei de algo que causava muito mais medo nos bandidos por essa parte do continente.
-Eu sou sir Thaus. Sou um dos cavaleiros reais de Roklua. - Gritei para eles apontando a espada.
Na minha cabeça eu estava arrasando ao dizer isso desse jeito. Mas tudo o que eles fizeram foi trocar olhares e começarem a rir. Até a pequena garota que eu tava tentando salvar estava quase rindo.
-Um cavaleiro de Roklua? - Disse um deles enfim. - Engraçado. Nunca ouvi falar de você sir Thaus.
Os cavaleiros de Roklua eram lendários. Quase tão incríveis quanto os Guerreiros do Mar. E se tornar um era restrito a apenas algumas famílias nobres ou heróis com feitos memoráveis. E visivelmente não era o meu caso.
Não quis discutir e insistir na mentira. Então parti para cima deles com a espada com quase certeza que iria acabar morrendo nessa loucura.
Ambos, ao perceber que eu estava iniciando o meu ataque correram em minha direção com espadas na mão. Um deles usava uma espada um pouco mais longa do que normalmente são e o outro carregava duas espadas ao invés de uma.
Defendi o ataque do primeiro com minha espada curta me esquivei das duas espadas do segundo. Dei um chute forte que acabou jogando um contra o outro.
Não cairão no chão, mas perderam o equilíbrio um pouco. O que me deu tempo para atacar.
Brandi minha espada para cima e mirei no peito do bandido com uma espada. Mas para minha surpresa, meu ataque foi impedido pelas duas espadas do segundo cara. Foi incrivelmente rápido e forte. Ele com um segundo movimento mais rápido ainda e que eu nunca tinha visto antes jogou minha espada para longe.
Ele apontou uma espada para mim e ficou me encarando. Vi por detrás da máscara fortes olhos azul claro e cabelos longos castanhos. Achei que eu fosse morrer nessa hora mas o companheiro dele chamou atenção para algo importante.
-A garota. Ela fugiu.
-O que? Como? -Ele começou a olhar para os lados. - Vá atrás dela seu idiota.
-Mas e esse cara ai? - Perguntou apontando a espada para mim.
-Deixa ele. - Disse se afastando de mim e guardando as espadas. - Não quero arranjar briga com os "cavaleiros de Roklua". - Não sei por que, mas senti uma certa ironia nessa última parte.
Eles saíram correndo em direção a estrada e mais para frente subiram em seus cavalos que estavam escondidos atrás das árvores.
Era um milagre. Com certeza um milagre. Não tinha como eu ter saído vivo dessa. Desabei no chão e fiquei olhando perplexo para a estrada por um bom tempo.
Até que uma voz estranha me assustou.
-Você é mesmo cavaleiro de Roklua?

...


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