segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Ajudando um desconhecido

O mensageiro capito 2

Data: Segunda-feira, 18 de junho de 241, Era dos Reis

-O... Onde estou? - Perguntou o viajante confuso depois de acordar e não reconhecer o lugar.
Rapidamente ofereci um copo de água a ele e pedi para se acalmar.
-Está em Carkas. - Respondi. -Te encontrei desmaiado em cima do seu cavalo no meio da estrada e te trouxe para cá. Os ferimentos não eram tão graves. - Menti.
-Você deu muita sorte de ainda estar vivo meu jovem. O que aconteceu? - Perguntou Dolaran atrás de mim. Chamei ele assim que cheguei porque ele entendia melhor do que eu sobre primeiros socorros.
O viajante ainda parecia um pouco confuso e demorou um pouco para responder.
-Não lembro ao certo... Acho que bandidos me atacaram... Não sei... Queriam minha... Minha bolsa! Onde ela está? -Perguntou olhando para os lados.
-Calma... Calma. Está aqui. - Disse e entreguei a bolsa para ele. Não cheguei a olhar o conteúdo, não me pareceu importante na hora, mas admito que a expressão de preocupada do jovem viajante me deixou curioso.
-Obrigado. - Ele agradeceu abraçando a bolsa. - Não sei o que faria se a tivesse perdido.
-Você é um mensageiro, não é mesmo? -Perguntou Dolaran curioso.
O jovem nos encarou cauteloso durante algum tempo mas assentiu com a cabeça.
-Preciso seguir meu caminho. - Disse ele finalmente. -Agradeço a ajuda de vocês, tenho certeza que assim que informar o ocorrido ao rei de Roklua ele os recompensará de alguma forma.
-Você não pode ir. - Disse sem olhar para ele. - Ainda não.
-E por que não? - Perguntou ele me encarando.
-A sua perna. -Respondeu Dolaran. - Quebrou em algum momento durante a viagem. Não foi nada grave, mas vai precisar repousar durante algum tempo.
O jovem se desesperou, jogou as cobertas de lado e tentou se levantar. Mas foi inútil. Tudo o que conseguiu foi move-la um pouco para o lado e dar um grito de dor.
Não cheguei a olhar para a perna dele direito. Quando encontrei parecia apenas um ferimento simples. Mas Dolaran depois de examinar o mensageiro concluiu que era bem mais do que um leve ferimento, e com certeza iria precisar de mais do que alguns dias de repouso para se recuperar. Isso se ele se recuperar.
-É incrível que tenha se preocupado tanto com essa droga de bolsa e nem percebido o próprio estado. -Eu disse encarando ele.
-Um mensageiro dá a vida para que sua mensagem chegue ao destino. -Respondeu o mensageiro tentando esconder a dor.
Ele jogou o corpo de lado caindo no chão e se apoiando na cama para se levantar. Ele provavelmente estava louco.
-Calma ai meu jovem. -Disse Dolaran segurando ele. -Você não vai sair daqui hoje. Se continuar vai acabar perdendo a perna antes de chegar ao destino.
-Eu não ligo pra minha perna. -Gritou o mensageiro. - A mensagem é mais importante.
Está bem, realmente ele está louco.
Dolaran colocou ele de volta a cama violentamente e o segurou forte até se o jovem se acalmar. É incrível a habilidade com que um senhor de idade com um braço só demonstrou ao imobilizar o rapaz.
-Se isso é tão importante pra você, deixe que meu amigo Thaus entregue a mensagem. - Ele disse depois que o mensageiro parou de se debater. -Você estava indo para Roklua não é mesmo?
-DE JEITO NENHUM! - Gritou o mensageiro. - Minha mensagem, minha responsabilidade. Eu mesmo vou entrega-la.
-Mas Dolaran... -Eu comecei. - Nunca estive em Roklua antes.
-Ah, mas você consegue. -Disse o velho com um sorriso enorme no rosto -Vi você na prova para entrar para os Guerreiros do Mar. Você é bom em lutas corpo a corpo, com espadas, é esperto e sabe se virar. Só não entrou mesmo por causa de um detalhe de nada.
-EI! VOCÊ ESTÃO ME OUVINDO? - Gritou o mensageiro e começou a se debater de novo igual uma criança mimada. -EU DISSE QUE NÃO.
Comecei a cogitar a ideia. O mensageiro a minha frente com toda a certeza não conseguiria entregar a mensagem. Na verdade, pelo que Dolaran falou ele talvez nunca mais consiga entregar nada na vida.
Mas por outro lado a viagem poderia ser perigosa. As pessoas que atacaram esse cara talvez não desistam e tentem me atacar também, vai ser uma viagem perigosa, para uma cidade que eu não conheço e passando por uma floresta cercada por criaturas assustadoras.
-Bom, parece divertido. -Eu disse pegando a bolsa do mensageiro. -Eu já vou partir.
-EI, O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? -Gritou ele. -EU VOU TE MATAR. DEVOLVA ISSO OU ...
Dolaran tapou a boca dele com a mão para que parasse de falar e me deu um sorriso.
-É melhor ir logo. Não sei quanto tempo vou conseguir segurar esse aqui.
Em respeito ao mensageiro e a sua profissão disse a mim mesmo que entregaria a mensagem e não abriria ela estando muito curioso. Até por que fazendo isso quebraria o seno nela e todo mundo saberia que eu abri.
Agradeci a ajuda do meu amigo, peguei meu cavalo novamente e parti em direção ao desconhecido.

...


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