terça-feira, 14 de agosto de 2018

Billy, o slime

O Slime e o Rei capitulo 2


Vivemos em um mundo em que você não pode nem mais bisbilhotar na mochila de alguém sem ser explodido em mil pedaços.
Para vocês que não estão entendendo nada eu vou explicar. Meu nome é Billy, eu sou um slime. E sou azul. Eu tinha me perdido dos meus amigos e estava andando pela floresta. Foi ai, que encontrei esse pequeno rio no fim do mundo e fiquei aqui descansando e esperando eles me acharem.
Pouco tempo depois apareceu aqui também um humano com roupas estranhas gritando feito louco e nadando de um lado para o outro. Só por curiosidade mesmo, peguei a mochila dele para ver se tinha alguma comida ali. Só que acabou que não tinha nada, só um pedaço de pano e uma faca estranha.
Como não tinha mais o que fazer voltei para detrás de uma moita e aproveitei para tirar um cochilo enquanto o humano nadava ali perto. Só que acho que esqueci de devolver a mochila no lugar, e meia hora depois o louco começou a gritar perguntando quem estava aqui. Eu respondi que era eu mas acho que ele não ouviu.
Depois disse mais calmamente que eu podia sair que não faria mal a ninguém. Não se pode nem mais dormir atrás da moita também em paz. -Está bem. Você me pegou estou saindo. - Eu respondi e sai. Daí cumprimentei ele disse que meu nome era Billy. E o cara se assustou e me lançou uma rajada de Luz sem motivo nenhum. Da pra acreditar?
Admito levei um tempo até voltar ao normal depois daquilo, meus pedaços se espalharam por toda aquela parte da floresta mas pouco a pouco foram se juntando de novo até que voltei ao normal. Eu acho.
E o humano ainda ali todo assustado. Parece que nunca tinha visto ninguém se juntar depois de ser explodido.
-O que é você? - Ele perguntou.
-Já disse eu sou Billy, sou um slime.- Respondi mal humorado.- Que espécie de humano sem cérebro explode alguém que acabou de conhecer?
-O que é um slime?- Ele perguntou apontando a palma da mão aberta para mim.
-Abaixa isso se quiser falar comigo. Ta pensando que é quem? - Gritei e comecei a andar de novo em direção a moita. Já tinha perdido a paciência com ele. Como alguém pode não saber o que é um slime, somos tipo, a espécie mais legal de Aurix.
-Espere.- Ele gritou. -Não foi por querer, eu só me assustei.
Ele se levantou e bem lentamente se dirigiu em minha direção e estendeu a mão.
-Eu sou Astorn. Sou rei da cidade Luz.- Ele disse.
Meio relutante apertei a mão dele com a cabeça, já que não tinha braço.
-Tudo bem, só não faça isso de novo.- Respondi. -O que é um rei?
-Não sabe o que é um rei?- Ele parecia realmente surpreso com isso (E você que não sabe nem o que é um slime).-Bom, somos pessoas importantes que governam um reino inteiro, protegendo e cuidando de cada cidadão.
-Sério? Entendi. É tipo o que nossa criadora era para nós.
-Sua criadora? E quem é ela?
-Ela é a mais incrível e bondosa de todos os humanos. Ela que nos fez do lodo do pântano cintilante e deu para cada um de nós um nome e um propósito.
-Ela me parece uma pessoa incrível. Adoraria conhece-la.-Ele disse sorrindo.
-Bom... É que aconteceram algumas coisas...
Relutei um pouco, não gosto de lembrar disso. O humano pareceu entender a minha tristeza e mudou de assunto rapidamente.
-E o que você anda fazendo por aqui pequeno Billy. Até onde sei o pântano cintilante fica bem longe daqui.
-Estava junto com meus amigos procurando um novo lugar para morar e acabei me perdendo.
-Então existem mais como vocês? Interessante.
Ele parecia diferente dos outros humanos que conheci. Ta certo que boa parte deles nos olhavam estranho e tentavam nos matar mas mesmo depois de ser explodido em pedacinhos sentia que podia confiar nele.
-Bom... Permita-me ajudá-lo a encontrar seus amigos pequeno Billy.
-Sé...sério mesmo?- Isso estava soando estranho.
-É o mínimo que posso fazer depois de ataca-lo agora a pouco.

...


O Refúgio do Rei

O Slime e o Rei capitulo 1


Eu estava mesmo precisando relaxar.
Me desligar do mundo e das obrigações do castelo, do barulho constante de pessoas entrando, saindo, gritando, soldados treinando com espadas e uma pilha de documentos e assuntos que fariam qualquer um ficar louco. Já não aguentava mais nada daquilo. Então sempre que possível eu fugia de tudo e me isolava por um tempo em algum lugar calmo onde poderia colocar minha cabeça toda no lugar.
E meu lugar favorito para fazer isso, era um pequeno lago de água quente e cristalina no meio da floresta perto de uma pequena cachoeira. E o melhor de tudo é que ninguém mais conhecia este lugar. É totalmente escondido no meio da floresta onde quase ninguém se aventura a entrar e para chegar ao rio a única entrada possível era saltando da cachoeira. Ou seja, sem pessoas lhe dizendo o que fazer ou onde ir, sem cavalos e soldados treinando com espadas e arcos, sem a gritaria das pessoas trabalhando e principalmente sem o som de um bebê chorando a noite toda. Nada além do doce e constante som da cachoeira.
Depois de passar a noite toda em claro aquilo era tudo o que eu precisava. Cheguei no meu refúgio, joguei a pequena mochila que tinha trazido lá em baixo perto das moitas ao lado do rio, tirei a camisa e pulei direto na água caindo de cima da cachoeira gritando o mais alto que podia, sabendo que ninguém ouviria mesmo e poderia aproveitar a minha folga.
Passei um bom tempo ali no rio, nadando e mergulhando pelas águas quentes sem pensar em nada, esquecendo tudo. Até que resolvi olhar para cima e perceber pelo sol que já estava perto do meio dia.
Bom, tudo que é bom dura pouco. Estava na minha hora de voltar já. Não por que queria voltar a trabalhar, mas sim por que estava quase na hora do almoço.
Sai do rio bem lentamente e procurei pela mochila. Tinha certeza que tinha jogado por ali perto, mas não parecia estar onde eu me lembrava. Olhei para os lados e nada. Será que tinha deixado lá em cima. Não. Estava ficando velho mas nem tanto, e joguei aqui em baixo ao lado daquela moita com flores roxa que esta se mexendo.
Se mexendo??? Será que não estou sozinho aqui? Não. Impossível. Não tem como outra pessoa ter achado esse lugar.
-Quem esta ai? - Gritei. Mas ninguém respondeu.
Será que é um animal então. Ouvi boatos sobre lobos habitando essa parte da floresta. E alguns sobre coisas piores. E foi ai que me toquei que não tinha trazido nenhuma arma comigo. Apenas uma pequena faca de caça que adivinha, estava na mochila.
Mas mesmo assim ainda podia usar o poder da Luz em minha mão esquerda. Uma habilidade passada de geração em geração em minha família. -Pode sair, não vou te machucar seja lá quem for. - Tentei falar calmamente. Mas por dentro estava desesperado.
Nesse momento a moita começou a se mover novamente.
-Está bem. Você me pegou estou saindo. - Ouvi uma voz vindo da moita responder.
Me acalmei e relaxei um pouco. Bom, pelo menos não era um lobo.
Mas foi ai que o intruso apareceu. Ele não era humano, não era um lobo, não sei bem o que era aquilo. Era um tipo de gosma azul com um olho amarelo no meio que estava se mexendo e... E falando.
-Oi. Meu nome é Bily. E o seu? - Ele perguntou.
Me desesperei completamente. Dei um passo para trás e acho que um grito assustado. O que por Aurix era aquilo? O que é um Billy?
Apontei a mão esquerda para ele e dela saiu um raio de Luz extremamente poderoso e mal controlado que mandou seja já o que ele seja pelos ares. Explodindo assim Billy em mil pedacinhos.

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domingo, 5 de agosto de 2018

O ataque

Palavras no Silêncio capitulo 10

"Relatório de Fred o soldado real para o rei Garon de Atrox"
Data: Quarta-feira, 29 de outubro de 251, Era dos Reis



Vida longa ao rei de Ferro

Como você deve se lembrar dos meu últimos relatórios, as coisas estavam extremamente tranquilas em Linoá. A vida seguia normalmente. As pessoas viviam suas vidas como antes e nenhum dos habitantes ou viajantes parecia demonstrar comportamento suspeito.
Mas isso mudou hoje pela manhã. Ao nascer do sol enquanto a maioria dos habitantes dormiam e os soldados estavam cansados da patrulha noturna um pequeno incêndio começou em uma das casas mais afastadas da cidade.
Os dois soldados que estavam de guarda naquela hora foram correndo socorrer os morados daquela casa foi pouco depois de terem apagado o incêndio que encoraram os responsáveis. Próximo a florestas eles avistaram pequenas criaturas verdes aparentemente feitas de algo similar a pano e com botões no lugar dos olhos.
Eles pareciam inofensivos então John, um dos soldados se aproximou e tentou chegar perto da criatura. Mas o monstro pegou uma faca de sua cintura e apunhalou John no pescoço que infelizmente não sobreviveu.
Seu companheiro vendo aquilo empunhou sua espada e atacou os monstros enquanto os dois moradores da pequena casa na floresta foram chamar por ajuda.
Eu estava dormindo na pousada quando fui acordado pelos moradores desesperados pedindo ajuda. Admito que demorei um pouco para entender o que eles falavam, mas assim que percebi que o assunto era sério peguei minhas armas e armadura e sai para fora.
E quando sai, a tranquila e pacata cidade de Linoá tinha se transformado em uma bagunça só. Tinham casa pegando fogo, pessoas correndo e monstro verdes feitos de pano destruindo tudo o que viam pela frente.
Peguei minha espada e ataquei o primeiro monstro que vi pela frente. Mas ele era rápido. Muito rápido. Ele se defendeu com uma faca de caça e me deu um chute com a perna que me fez recuar alguns passos. Depois Pulou para cima de mim com a faca, mas eu desviei e o golpeei no pescoço. E assim que o acertei seu corpo perdeu totalmente a vida e ele se transformou em um punhado de pano cheio de areia, como qualquer outro brinquedo de criança.
Aquilo foi muito estranho, mas eu não tinha tempo para pensar nisso. Eu junto com os soldados começamos a revidar o ataque das criaturas verdes que aparentemente eram muitas. Alguns morados como o comerciante Bill pegaram armas improvisadas e se juntaram a batalha. Mas não estávamos levando a melhor. Além de pequenos e rápidos eles também eram muito fortes e estávamos tendo dificuldades.
Eu estava cansado e a maior parte dos soldados estava caídos no chão inconscientes ou sem vida.
Ataquei o próximo monstro que apareceu na minha frente mas ele desviou fazendo umas acrobacias malucas para trás e pulou com tudo para cima de mim com um chute bem na cabeça.
Não lembro de muita coisa depois disso, tudo ficou embaçado e eu achei que iria morrer. E foi ai que vi um vulto azul na minha frente e de ter pedido ajuda. Acordei no dia seguinte ao ataque assustado, totalmente confuso e sem saber onde estava. Descobri que tinha voltado ao meu quarto na pousada e fiquei ali me perguntando se tudo tinha sido um sonho. Mas se fosse, por que minha cabeça estava enfaixada e doendo tanto.
Coloquei meu uniforme mais básico e sai do meu quarto. Encontrei a senhora Meredith tomando um copo de café na entrada da pousada.
Cumprimentei ela que ficou feliz em me ver de pé. Me deu um abraço e me ofereceu uma xícara de café também. E só depois de ter certeza que eu estava me sentindo melhor me contou o que aconteceu.
Ao que parece, depois que eu e os outros soldados foram derrotados, um jovem com uma espada um tanto quanto diferente apareceu e derrotou todos os monstros que o povo passou a chamar de goblins, por causa das histórias e contos antigos.
Parecia uma história de fantasia, ninguém sabe muita coisa sobre ele, apesar de todos já terem o visto andando pela cidade e fazendo perguntas. Dizem que lutava de um jeito sem igual e que facilmente venceu goblin por goblin, salvando assim a cidade.
Não sabemos quem era ou seu nome, apenas o sinal que todos estão usando para se referir a ele "Guerreiro azul".

Estamos com poucos soldados em Linoá depois do ocorrido, solicitamos reforços o mais rápido possível e pedimos também que fique de olho nas outras cidades de Atrox pois se atacaram por aqui todo o reino pode correr perigo.

Atenciosamente Capitão Lars


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O anel do Silêncio

Palavras no Silêncio capitulo 9

"Página retirada do livro - Relíquias sombrias de Aurix no ano de 52 da Era dos Reis
Capitulo 4 - O anel do Silêncio"

A algum tempo atrás um poderoso mago vindo do território sombrio desafiou o rei Aurix para uma batalha de vida ou morte.
Aurix que nunca gostou de batalhas e recusou o desafio e não permitiu que nenhum de seus guerreiros de confiança aceitassem o desafio em seu lugar.
O mago irou-se e usando o poder de um anel mágico forjado com o poder de uma pedra sombria extremamente poderosa jogou um feitiço sobre a cidade de Atrox deixando o povo da capital, totalmente sem poder falar ou ouvir durante um dia inteiro.
O mago então disse que só iria desafazer a maldição se o rei Aurix aceitasse o seu desafio e lutasse até a morte com ele.
O rei relutou, mas ao perceber a confusão que sua cidade havia se transformado, chamou seus melhores magos e estudiosos para tentar reverter a magia do anel. E durante um dia inteiro eles tentaram, mas em vão.
Depois de ter perdido as esperanças em sua tentativa de reverter a magia, o rei Aurix chamou o seu melhor guerreiro e companheiro de antigas aventuras que pegou sua espada e sua melhor armadura e se encontrou com o mago para uma batalha as portas do castelo pouco antes do pôr-do-sol.
Foi uma luta difícil. Além do anel do silêncio, o mago possuía outros quatro anéis, cada um deles com um poder assustador diferente e que juntos possuíam um enorme poder sombrio, capaz de distorcer a realidade de uma forma nunca antes vista.
O guerreiro que nunca tinha visto nada igual antes teve dificuldades nessa luta. Mas armado pela lendária Espada do Herói forjada pelo rei ele conseguiu vencer.
O campeão de Aurix venceu o mago e o obrigou a restaurar a cidade e seus habitantes ao normal. O mago então foi expulso de Atrox e desde então nunca mais foi visto. Assim como nunca mais se ouviu falar de uma magia semelhante aos cinco anéis sombrios que ele carregava consigo.

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O músico e a enfermeira

Palavras no Silêncio capitulo 8

"Carta escrita pela enfermeira Lia durante sua estadia em Linoá para sua amiga Sorius nas Florestas Ocultas"
Data: Terça-feira, 28 de outubro de 251, Era dos Reis



Olá minha amiga, tudo bem?

Faz um tempão que não te escrevo para te contar as novidades. Mas a verdade é que desde que cheguei aqui não tive muita coisa interessante sobre o que escrever. Meus estudos sobre o silêncio misterioso que nos atingiu não tiveram nenhum resultado. Não até hoje pelo menos.
Vou começar do começo por que é muita coisa para contar. Atenção amiga.
Cheguei em Linoá a alguns dias átras e fui muito bem recebida. Meus antigos amigos aqui me ajudaram bastante em tudo o que precisei. A bibliotecária, a senhora Nora me recebeu de braços abertos toda animada. Ela esta me ajudando muito na busca por informações nos livros aqui. Até me arranjou um lugar num quartinho nos fundos da biblioteca para eu não ter que pagar a estadia na pousada durante esses dias.
E sempre que sinto fome dou uma passada na loja do irmão do Dill. Eles são bem parecidos, ambos morenos, fortes e sorridentes. O sr. Bill gosta de conversar e tem cada história louca que você nem acreditaria. Depois te conto os detalhes.
E assim fui passando os dias por aqui. Mas as coisas começaram a mudar mesmo foi hoje pela manhã.
Chegaram algumas pessoas estranhas aqui em Linoá quase junto comigo. Tem um cara estranho que esta sempre lendo liros aqui na biblioteca que se chama Auron. Ele esta sempre de azul, uma meia armadura, cabelos loiros compridos, usa carrega uma espada meio diferente. Admito que ele me assusta um pouco.
E tem também um músico que esta sempre andando por aqui parecendo meio perdidão da vida. Cabelos loiros também, uma camisa verde meio desbotada e carrega um alaúde que ele vive dedilhando mesmo  sabendo que não tem ninguém escutando. Veio junto com um amigo violinista que quase não sai da pousada.
Ele tentou puxar conversa comigo a alguns dias atrás. Que vergonha alheia eu senti naquela hora.
Tentou falar mas parece que se tocou que eu não podia ouvir, e depois tentou usar a linguagem de sinais mais estranha que eu já vi. Acabou se enrolando todo e de vergonha saiu correndo.
Não entendi direito se queria pedir alguma coisa, uma informação ou se era só louco mesmo.
Mas hoje o garoto loiro veio falar comigo na biblioteca. Eu estava estressada. Tinha lido quase um livro todo sobre poções e objetos mágicos e não encontrei nada que pudesse deixar alguém surdo. Foi quando ele se aproximou todo tranquilo e começou a sinalizar o que queria. Diferente do primeiro garoto ele era muito bom com os sinais e dava para entender perfeitamente.
"BOM DIA. EU VER-VOCE DIA-DIA AQUI. VOCE PROCURAR O-QUE? EU POSSO AJUDAR?" Foi mais ou menos o que ele tinha sinalizado.
E eu só respondi: "SÓ PROCURAR RESPOSTAS."
Então começou a me perguntar coisas simples, como meu nome, se eu morava por ali. Eu respondi por que sou educada claro. Mas estava achando que ele estava dando em cima de mim e apesar de ser bonitinho, não fazia meu tipo. E além do que não era hora para isso, tinha coisas mais importantes para fazer. Então resolvi dar um basta e respondi.
"VOCE LEGAL. MAS AGORA EU PRECISAR TRABALHAR".
Ele se enroscou todo mas respondeu.
"OBRIGADO. VOCE SIMPATICA." Ele apontou para o cara do alaúde que estava algumas mesas ao lado escondido atras de um livro sobre dragões antigos que por sinal estava de ponta cabeça. Aquele cara não tinha jeito mesmo. "ELE GOSTAR VOCE." Auron concluiu.
Ele pegou uma carta que aparentemente era do outro cara e me entregou. Disse para mim ler depois.
Olhei para carta. Olhei para Auron. Olhei pra carta de novo. Olhei pro cara do Alaúde.
Ai ai. Esses homens viu.
Guardei a mensagem para não parecer grossa e voltei a olhar para o livro. Devo ter ficado um pouco vermelha então tentei disfarçar. Não era hora para isso. Dei uma espiada rápida e só vi o músico olhar pra mim e sorrir. Fiquei com vontade de jogar um livro na cabeça dele? Talvez. Mas ao que parece ele não vai desistir de me encher a paciência. Auron voltou para minha mesa e jogou na minha frente um livro velho e empoeirado, sem sinalizar nada e depois simplesmente fez um sinal de agradecimento a bibliotecária Nora e saiu.
Olhei para o livro e vi que era justamente o que eu estava procurando: "Relíquias sombrias de Aurix". E estava justamente aberto em uma página que falava a respeito de um objeto chamado "Anel do Silêncio".
Não vou conseguir escrever aqui tudo o que estava escrito nesse livro mas resumindo minha amiga. Tenho uma ideia agora de o que pode ter causado essa maldição. Avise ao grande mago que estou retornando e em breve estarei ai com grandes novidades.

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O Gato

Palavras no Silêncio capitulo 7

"Página retirada do diário do Gato"
Data: Segunda-feira, 27 de outubro de 251, Era dos Reis



Meu Queridíssimo diário

Mais um dia super normal nesse fim de mundo, mas eu sobrevivi. Pra começar meu dia, lá vem ele, sim, meu arque inimigo de novo, o Cachorro. Começa a gritaria logo cedo. Hoje em dia não se pode nem mais dormir até as 14 horas da tarde sem te encherem o saco. O motivo não sei. Antes ele começava a latir sempre que entra alguém novo aqui na nossa casa. Mas agora que bateu um silêncio gostoso aqui na cidade ele começa a empurrar tudo, fazer a maior bagunça e incomodar todos os animais da lojinha. 
E a Larissa nossa dona / minha escrava nem liga muito. Ela parece preocupada com outras coisas. Tipo, não ouvir, não fazer barulhos estranhos de humanos. Se eu tivesse sentimentos estaria com pena dela. Mas como não tenho só aproveito o silêncio pra dormir mais.
Enfim, vou continuar falando do meu dia horrível. Acordei e tinha um pedaço enorme de peixe pra eu comer e uma tigelinha de leite. Acho que foi sobra do restaurante que os humanos não quiseram. Não entendo eles. Peixe é bom de qualquer jeito.
Depois, fui dar um passeio pela cidade, ver como estava o pessoal. Passei em frente da loja do Bill para ver como estavam as coisas e ele me deu uns biscoitinhos deliciosos. É incrível como os humanos se encantam fácil com a minha beleza. Todos menos a humana que cuida de uns negócios estranhos que os humanos gostam de passar o dia todo olhando, acho que se chamam livros. A senhorinha sempre começa a espirar quando eu estou perto. E claro, eu adoro ficar perto dela e vê-la sofrer até ela me botar pra fora.
Depois dei uma passada na loja de penhores ver meu amigo lá. De todos ele é meu humano favorito. Esta sempre vestido de preto com pelos cumpridos na cabeça e quase nunca diz nada. Se eu fosse um humano ia querer ser igual a ele.
Tinha umas pessoas novas hoje. Primeiro vi um humano novo com cabelos amarelos e uma espada enorme e brilhante nas costas. Ele chegou na loja pedindo informações para minha escrava sobre alguma coisa usando aquela linguagem estranha que os humanos encontraram para se comunicar usando as mãos e saiu desapontado. Não entendi o que era e nem tentei, não tem por que gastar meus neurônios felinos para entender a raça inferior. Mas o cachorro parece ter gostado dele. Ficou abanando o rabo quando ele entrou e triste quando saiu.
Depois tinham aqueles humanos que faziam música que passaram por aqui. E por um micro segundo senti falta de ouvir as coisas, só pra poder ouvir eles tocarem.
Chegou uma humana nova também que passa o dia olhando para aquelas coisas estranhas de papel que eu falei antes. E parece que um dos humanos que faz música esta gostando dela. Só falta abanar o rabo. Mas a outra humana nem da bola.
Fora os humanos que chegaram aqui vestidos cheios de armaduras e coisas de ferro. Com armas pontudas e umas roupas laranja por baixo. Eles me dão medo.
Mas a parte mais estranha do meu dia, foi quando cansei de ver humanos e decidi dar uma volta na floresta ao lado da cidade. Só pra distrair a mente e ver se encontrava alguma frutinha gostosa.
Mas enquanto eu estava andando devagar, percebi que tinha alguma coisa me observando. Não, não uma, mas várias. Na hora pensei que eram só mais humanos e então nem ligue, deixei eles apreciarem minha beleza e fofura. Mas quando parei as margens de um rio para tomar um pouco de água. Algo tentou me agarrar por trás. Me esquivei claro. Ninguém consegue capturar o gato. 
E foi ai que percebi. Eles não eram humanos, nem nenhum tipo de animal que eu conheça. Eram verdes, se vestiam mal, cheiravam mal, andavam todos desengonçados e parece que tinham botões no lugar de olhos.
Não me lembro bem mas acho que eram três, mas talvez tenham mais alguns escondidos. 
Todos armados com espadas e alguns uma pequena faca de caça na cintura. Tentaram me capturar de novo e eu dei uma de minhas fantásticas acrobacias para trás. 
Ele disse alguma coisa que não ouvi obviamente. Mas o estranho é, eles podiam falar. Sai correndo sem olhar para trás enquanto eles corriam atras de mim. Até que finalmente voltei para a loja de animais e pulei no colo da Larissa. Ela me abraçou forte e me acariciou como uma boa humana e ainda me deu outro peixe.
Acho que eles desistiram depois disso, não vi mais daqueles bichos feios depois. Mas a experiencia foi assustadora o bastante para eu não conseguir dormir bem a noite.

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Último lançamento

A melodia de Zorah

– MAJESTADE! MAJESTADE! – Gritava o guarda enquanto corria pela estrada de pedra em direção à sala do trono. Esbaforido, o guarda parecia e...